
Nota de Repúdio ao massacre dos povos Guarani e Kaiowá
O IMPEJ – Núcleo de Estudos em Etnologia Indígena - do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (PPGAS-UFG) expressa sua profunda indignação em relação ao ataque sofrido pelos Guarani e Kaiowá, ocorrido no último dia 14 no município de Caarapó-MS durante a retomada do tekoha Toro Passona na Terra Indígena Dourados-Amambaipegua I.
A região do tekoha Toro Passona – invadida por um grupo de jagunços armados - é identificada como território indígena de acordo com o Relatório Circunstanciado de Identificação e Demarcação dos estudos antropológicos do GT Dourados-Amambaipegua (conforme declarado pelo procedimento administrativo da Funai publicado no Diário Oficial da União em 13/05/2016).
O violento ataque deixou feridos e matou o indígena Clodione Rodrigues Souza Guarani-Kaiowá.
Este assassinato faz parte de regulares e constantes ações violentas realizadas contra a mesma população, o que configura situação de genocídio. Os mandantes de tais crimes são popularmente conhecidos, mas todos eles continuam impunes.
A lentidão e a irresponsabilidade do Estado brasileiro em resolver os conflitos fundiários e em finalizar os processos de demarcação das Terras Indígenas, como manda a constituição, assim como o descaso dos poderes públicos em investigar e punir as constantes agressões aos Guarani e Kaiowá são as causas fundamentais da trágica situação.
Diante disso, nós, pesquisadores e pesquisadoras do IMPEJ – Núcleo de Estudos em Etnologia Indígena - do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (PPGAS-UFG) vimos a público exigir que o governo atue imediatamente para conter o referido genocídio, apurando com celeridade o assassinato de Clodione, os outros crimes cometidos contra a mesma população e garantindo aos Guarani e Kaiowá seus direitos constitucionais, como o direito originário às terras que tradicionalmente ocupam.
Goiânia, 28/06/2016
IMPEJ – Núcleo de Estudos em Etnologia Indígena - do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (PPGAS-UFG).