Historia

Chamada de artigos - Dossiê "História e etnologia: diálogos interdisciplinares"

Está aberto e segue até 01 de junho de 2015 o prazo ara submissão de artigos para o dossiê "História e etnologia: diálogos interdisciplinares", a ser publicado pela Revista História (Unisinos). A organização é de Joana A. Fernandes Silva (PPGAS-Universidade Federal de Goiás) e Giovani José da Silva (Universidade Federal do Amapá, Universidade de Brasília).

Proposta:

As relações entre Antropologia e História são muito antigas e a Antropologia, em seus primórdios, se confundiu com a História, se considerarmos o Evolucionismo como uma “escola” precursora da Antropologia. As obras de Morgan (tais como Primitive Societies), por exemplo, trazem a grande ambição de entender os grandes passos que a humanidade teria dado. Trata-se de uma tentativa de colocar todas as sociedades sob a rubrica de uma única história. A Antropologia começa a se desligar da História com a escola inglesa (mais especificamente com Radcliffe-Brown), com a negação de que é impossível estudar a história de povos sem escrita e sobre os quais não se encontraria documentação. Esse rompimento reforça na Antropologia o método da observação participante e permitiu o desenvolvimento mais apurado do método etnográfico, de cujo desenvolvimento somos herdeiros até os dias de hoje, especialmente de Malinowski. O objeto da Antropologia passou a se diferenciar por meio do interesse na diversidade cultural, sobretudo aquela existente nos continentes africano e americano, os Outros do continente europeu.

Os diálogos entre os dois campos de saber podem ser destacados, por exemplo, em Claude Lévi-Strauss, etnólogo francês de origem belga. Tradicionalmente acusado de desconsiderar a história em seus estudos, negou veementente a pecha de “a-histórico”. Dois textos com o mesmo título – “História e Etnologia” – foram redigidos em distintos momentos da carreira do pai do Estruturalismo e não guardam relações intrínsecas entre si. O primeiro “História e Etnologia”, o mais conhecido dos dois, é parte da coletânea Antropologia Estrutural e foi publicado pela primeira vez sob a forma de artigo no final dos anos 1940. O segundo, resultado de uma palestra apresentada na Sorbonne em 1983, por ocasião de uma homenagem a Marc Bloch, foi publicado no início dos anos 1980 na revista dos Annales. Em ambos os textos Lévi-Strauss mostra-se interessado em um exercício de alteridade e de delimitação disciplinar, sem, contudo, cristalizar dicotomias no que diz respeito aos domínios da História e da Antropologia (chamada por ele de Etnologia).

Ao longo das últimas décadas é possível constatar instigantes aproximações de reflexão teórico-metodológica entre historiadores e antropólogos, dentre as quais o emprego de conceitos e noções de natureza antropológica em pesquisas historiográficas e aos aportes de caráter diacrônico que deveriam informar antropólogos em seu trabalho de campo com os chamados “nativos”. Nesses tipos de abordagem, os diálogos interdisciplinares teóricos e metodológicos servem para alimentar a constituição do conhecimento sobre sujeitos localizados em outras épocas e/ ou em outros lugares, cujos resultados tornam cada vez mais ricas e férteis ambas as áreas de conhecimento.

Em que medida a História continua como o campo por excelência da diacronia e do tempo, enquanto à Antropologia é reservado o lócus da sincronia e da estrutura? Quais inovações teórico-metodológicas e quais atritos os diálogos entre historiadores e antropólogos podem engendrar? Qual o papel que historiadores como Carlo Ginzburg, Edward P. Thompson e Roger Chartier ou antropólogos como Marshall Sahlins e João Pacheco de Oliveira têm nas aproximações e distanciamentos entre História e Antropologia? A proposta do dossiê História e etnologia: diálogos interdisciplinares é, portanto, oferecer um panorama dos encontros/ desencontros de duas áreas do conhecimento que ainda têm muito a dialogar uma com a outra, reunindo artigos que imbriquem as contribuições teórico-metodológicas da História e da Antropologia, escritos aos pares (antropólogo/a e historiador/a), referindo-se a um mesmo objeto/ sujeito de investigação. Portanto, aguarda-se, para avaliação, a submissão de artigos em co-autoria, dentro das normas estritas da revista.

 

Maiores informações em http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/pages/view/call