Da esquerda para a direita, a reitora da UFG, Angelita Pereira; a cineasta, Lucinete Morais; os filhos, Arthur e Clara Morais; e a co-diretora, Thaynara Rezende

Doutoranda do PPGAS/UFG recebe quatro prêmios na 24ª edição do FICA

Da esquerda para a direita, a reitora da UFG, Angelita Pereira; a cineasta, Lucinete Morais; os filhos, Arthur e Clara Morais; e a co-diretora, Thaynara Rezende

Da esquerda para a direita, a reitora da UFG, Angelita Pereira; a cineasta, Lucinete Morais; os filhos, Arthur e Clara Morais; e a co-diretora, Thaynara Rezende/ Créditos: Elenizia da Mata.

 

Dirigido por Lucinete Morais, o documentário “Marta Kalunga” também foi indicado à uma premiação internacional

Por: Everton Antunes

 

No domingo (18), a doutoranda do PPGAS/UFG, antropóloga visual e cineasta, Lucinete Morais, subiu ao palco do Cine Teatro São Joaquim, na Cidade de Goiás, para receber quatro prêmios pelo documentário Marta Kalunga (2022). Ao fim do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), a realização da cineasta levou os prêmios de Melhor Documentário, Direção, Atuação e Trilha Sonora.

 

O documentário – também dirigido por Marta Kalunga e Thaynara Rezende –  atingiu repercussão internacional, ao ser indicado pelo Student World Impact Film Festival (SWIFF), na categoria de Melhor Documentário. “Foram mais de 12 mil filmes inscritos, de 120 países. É uma grata surpresa, visto todo o esforço das três diretoras para a materialização da obra”, comemora a antropóloga.

  

Autointitulada “cria do FICA” – uma vez que afirma frequentar o festival desde a primeira edição, em 1999 –, Morais reforçou a importância deste reconhecimento. “Em especial para nós mulheres, sermos premiadas é, também, uma possível garantia que o cinema brasileiro está trocando a roupa do heteronormativo, homem, branco, burguês para as da diversidade, mulheres, negras, LGBTQIA+ e outros grupos minorizados”, avalia, na ocasião do Dia do Cinema Brasileiro (19). 

 

Desafios

 

Ambientado em Cavalcante (GO), o documentário conta sobre a história de vida de Marta Kalunga e sua rotina como mãe solo e líder comunitária. Em razão das medidas restritivas impostas pela pandemia de Covid-19, o que parecia um contratempo, tornou-se a criação de um roteiro digno de quatro premiações.    

 

“Inicialmente, fui até Cavalcante no final de 2020 para testar o roteiro na comunidade Vão de Almas, mas, com a pandemia, não foi possível ir até a comunidade. Então, fiquei hospedada no Hostel Kalunga, de propriedade de Marta”, conta a realizadora. A partir desse encontro, a antropóloga sugeriu à guia Kalunga a criação do documentário.    

 

“O primeiro desafio foi rever o campo e refazer o novo roteiro a partir do cotidiano de Marta Kalunga. Depois, filmar durante a pandemia: precisamos concentrar nossos esforços para a realização do filme, seguindo as orientações sanitárias”, explica. No entanto, “o maior desafio foi trazer uma narrativa antirracista, anticlassista e anticapitalista, já que não tínhamos verba de cinema para realizar a obra”. 

 

Quatro vezes premiado e indicado em um festival internacional de cinema, o documentário Marta Kalunga, nas palavras da diretora, “ironiza o machismo, a subordinação e coisificação da mulher”. “Depois do reconhecimento do filme como o mais premiado da edição do festival, me enche de esperança para a continuidade da produção de imagens em que possamos colaborar com a trajetória da interlocutora-protagonista e sua comunidade”, finaliza a cineasta.